quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O Louco, Mamys e Os caminhos.

Recentemente, tenho lembrado de uma frase comumente usada que em um determinado momento da infância – como todos nós – aprendi o significado... Porém a forma como minha mãe me explicou ficou guardada em meu sub-consciente para o momento apropriado, o qual, obviamente, é agora.

A frase em si é “8 ou 80”. A explicação foi de alguém que fica nos limites, não tem meio termo, é estourado, “mãe como assim?”E aí veio uma frase em especial que desencadeia o texto: “É como O Louco do tarô, filha, ele não tem número. Pode ser tanto o começo quanto o final, ele fica nas pontas... Nunca no meio. É alguém extremista!”.

Nossa Soph, mas você nunca disse que sua mãe sabia tarô ou que ela tinha te ensinado! Nunca disse porque não tem o que dizer. Minha mãe era marota, curtia as coisas na moita. Pegava um pouco cá outro lá... Mas não sabe jogar tarô. Soltava umas de vez enquanto, todas guardada comigo e que agora são usadas... Isso desencadeou uma conversa depois sobre o que era tarô e como ela sabia, mas isso não vem ao caso. Enfim!
Subitamente me lembrei da frase ao me perceber uma pessoa “8 ou 80”. Eu sou extremista. Fato.

Agora, me peguei pensando se eu tinha algo de “Louca”. Ok, todos temos algo de todos os arcanos. Mas me botei a pensar em especial pelo que minha mãe falou em uma tarde de sei lá que dia...

Temos em nossas mentes que O Louco é o viajante, a pessoa que largou tudo em busca de algo que não sabe o que é. A pessoa que tem que botar os pés no chão de vez em quanto no chão ou ouvir o som do cachorro para não desabar na vida, de tal forma, que não consiga levantar depois.

Mas, ouvir que O Louco é extremista, não ouvi ou li. Ok, certamente sair e ir a busca de algo que não se sabe o que é pode ser extremo, ou por se distrair trombar com o poste, cair no esgoto ou, ou no caso, o abismo. Isso certamente é ser extremo, ser extremamente viajado... Falamos do Louco em ousadia, em buscar um caminho, em faltar um objetivo... Mas nunca vi ninguém falando dele como extremo. A palavra per si. Então fiquei pensando e pensando no que minha mamys disse.

Ele pode ser exagerado, precipitado... Mas e extremista? Será que é isso o ficar nas pontas dos arcanos maiores? Falaremos que os arcanos maiores devem ser encarados como cíclicos. E eu concordo! Mas ainda assim, “0” é muito diferente de “22”. O “0” é o nada, o “21” é o tudo e o “22” acaba virando um “mais que tudo”, um “quero mais”. O Louco pode então ser a pessoa que tem O Mundo, mas não é o bastante. Ele pode ser a pessoa insatisfeita, que tem que sofrer de novo para dar valor ao que tinha.

Concluí então que sim. O Louco pode ser extremista. Ele pode querer uma vida toda pela frente ou acabar tudo num abismo. Ele pode arriscar tudo que tem por algo ou não querer mais nada e sair andando, buscando outra coisa. Uma pessoa de “tudo ou nada”.

Qual é o caminho do Louco? É o caminho da aprendizagem? Com certeza. O caminho da dor, dos prazeres, o caminho da vida! Mas qual exatamente é o Caminho do Louco? É o Caminho do Meio.

O caminho que seguimos na vida é o dos desejos e necessidades. É o caminho das energias opostas: bem, mal; homem, mulher; cara e coroa da mesma moeda. E passamos a vida tentando reconciliar estas energias dentro de nós, tentando nos envolver verdadeiramente conosco. Não sendo bonzinho demais para que pisem em nós, não sendo mal demais para que só queiramos prejudicar. Encontrando e vivenciando a união do oposto, masculino e feminino. Sim, Yin e Yang. É o nosso caminho de sabedoria. Em que buscamos interação destas energias, caminho da evolução, caminho do equilíbrio.

O Caminho do Louco é o Caminho  do Meio. O Caminho entre “0” e “22”. A busca do equilíbrio pessoal.



A Árvore da Vida contém vários caminhos de evolução e cada um de nós possui o seu próprio. Porém, o certo é que devemos nos manter, sempre que possível, no caminho do meio, ou seja, não devemos cair nos extremos para manter o equilíbrio da Árvore.

Graziella Marraccini

3 comentários:

  1. Engraçado que, quando vi você falar do Louco, lembrei-me do Enforcado do Legacy of the Divine. É...

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  2. Nossa Sophia, estou impressionado com a riqueza do texto!

    Amei seu blog, simpático, agradável, texto claro e objetivo.

    E nada como um bom momento de extremos para reconciliarmos o conhecimento que guardamos lá dentro, nesse caso, herdado de sua mãe!

    Abração e tudo de bom!

    Adash

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  3. Emanuel, fui atrás do baralho depois que você mencionou. Perfeita! Lindo lindo lindo!

    Oi Adash! Bom ver você por aqui (=
    É nesses momentos que os conhcimentos mais bem guardados aparecem!

    Grata pela visita e carinho ^^

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